O estado de transe é um estado quase normal no ser humano;
basta muito pouco para provocá-lo.
Uma coisa de nada, um pouco de álcool no sangue,
um pouco de droga, excesso de oxigénio, a cólera, o cansaço...
Mas este estado é interessante na medida em que é orientável.
Trata-se de um balanço, mas esse lança mão das regiões desconhecidas do nosso espírito.
De facto, não há fundamentalmente nenhuma diferença
entre um homem intoxicado pelo álcool e um santo que se entregue ao êxtase.
E no entanto há apesar de tudo uma diferença: a da interpretação.
O momento de loucura é preparado por uma etapa
onde o assunto é mergulhado numa espécie de vacilação da consciência,
de excitação cerebral violenta.
É esse momento que fabrica verdadeiramente o êxtase e lhe dá o sentido.
Enquanto o êxtase em si mesmo é cego.
É o vazio total, sem ascensão nem queda. A calma plana.
Tanto quanto se possa dizer que o santo nunca conhecerá Deus.
Aproxima-O, depois regressa. E estas duas etapas são as que são.
Entre as duas, é o nada. O vazio, a amnésia completa.
No momento X do êxtase,
o santo e o intoxicado são semelhantes, estão no mesmo local.
Habitam o mesmo paraíso vazio e terrífico.
J.-M. G. Le Clézio, in 'A Febre'
É disso que eu falo...
Viver as diferenças tão semelhantes...
Podemos ser muitos numa única pessoa.
Ser sempre o unicidade do sentir,
Sem prognósticos diversos,
Prefiro o êxtase de um pensamento confuso,
Á mesmisse de uma vida morna, desconcertante.
O real e o ideal á mim não se misturam.
São como água e vinho,
Remédio e veneno...
Sim e não... ( com a possibilidade do talvez)
Não compactuo com normalidades impostas.
mesmo que essa se apresente conturbada muitas vezes.
Quero a ANORMALIDADE
Viver o despropósito,
O que ninguém entende geralmente me interessa...
O vazio também é um lugar...
O embaralhado também pode ser nítido...
Só depende do prisma...
E da pessoa...
Bjo
4 comentários:
Um tema que daria pano para mangas...
Doce beijo
Estou sem palavras para descrever o que eu senti quando li esse post... gosto dessas verdades que nos saõ ditas...
Eu curto lombra
Encaro o que me assombra
E sei que pra toda sombra
Tem muita luz
Então por que não fazer juz
Já que a ser doido sempre me dispus...
O julgamento dos teus fracassos
É feito numa lagoa sem azul
Um milhafre lança um pio de raiva
Que atinge o branco das casas do sul
Depois, o silêncio da solidão
Esta muda inquietação
Um barco sem água no casco
Numa espera de assombração
Bom fim de semana
Mágico beijo
Postar um comentário