segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MAR...




Mar


Nunca conseguiu viver longe do mar.

A sua adolescência ficara cheia de dunas e de camarinhas,


de falésias e águias, de tempestades, de nomes de barcos


e de peixes; de aves e de luz coalhada à roda duma ilha.


Conhecera a ansiedade daqueles que, ao entardecer,


olham meio cegos a vastidão incendiada do oceano


- e ninguém sabe se esperam alguma coisa,


alguma revelação, ou se estão ali sentados,


apenas, para morrer.


Aprendera, também, que o mar, aquele mar


- tarde ou cedo — só existiria dentro de si:


como uma dor afiada, como um vestígio qualquer


a que nos agarramos para suportar


a melancólica travessia do mundo.



Depois, partiu para longe.


E durante anos recordou, em sonhos,


o mar avistado pela última vez ao fundo das ruas.


Procurou-o sempre por onde andou, obsessivamente


— mas nunca chegou a encontrá-lo. (...)


Al Berto, O Anjo Mudo



Meu mar é ímpar e mora em mim...

Ainda não o conheço na totalidade

E me satisfaço com o que sei

Vou descobrindo-o lentamente

Mas no fundo minha sede é maior.

Queria dominá-lo,

Entendê-lo por inteiro

Dessa forma saberia aquém de minha pessoa

E não teria apenas que me contentar

Com sua imensa cor azul...

Azul do céu,

Meu ópio ocular,

Que me preenche, me completa

Me conforta, me seduz,

me faz falta, me ilude...

O mar

Sempre ele...

Minha facinação atemporal.


Reinando supremo sobre minha vida.
( Vi a chuva...lembrei do mar)


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