o sol ensina o único caminho
a voz da memória irrompe lodosa
ainda não partimos
e já tudo esquecemos
caminhamos envoltos
num alvéolo de ouro fosforecente
os corpos diluem-se na delicada
pele das pedras
falam os rios deste regresso
e pelas margens ressoam passos
os poços onde nos debruçámos
aproximam-se perigosamente
da ausência e da sede
procurámos os rostos na água
conseguimos não esquecer
a fome que nos isolou
de oásis em oásis
hoje
é o sangue branco das cobras
que perpetua o lugar
o peso de súbitas cassiopeias nos olhos
quando o veludo da noite
vem roer a pouco e pouco a planície
caminhamos ainda
sabemos que deixou de haver tempo
para nos olharmos
a fuga só é possível
para dentro dos fragmentados corpos
e um dia...quem sabe?
chegaremos
Al Berto
E nada me deterá ...
a não ser intervenção divina
2 comentários:
Alê,
Quero agradecer a gentileza e cordialidade com a qual sempre se refere a mim.
Vc é uma blogueira sensacional, sempre com coisas lindas para lermos, e sempre com sua pluralidade aberta às diferentes visões de mundo, que mostram sua característica marcantemente democrática.
Num blog onde escrevo aquilo que acredito ser o melhor, onde mudo de opinião ou escrevo besteira de vez em quando, vc percebe que me oriento pela busca do que eu acho certo. Acertando, errando, e sempre aprendendo.
Muito obrigado!
...gracias...y mucha felicidad en el ahora...
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