quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ENTRE-LINHAS






O Amor








(Fernando Pessoa)





O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p’ra ela,

Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de *dizer.

Fala: parece que mente

Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Pr’a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar…



( Seria muita redundância tentar explicar o inexplicável...

Os sentimentos por si só invadem nossas vidas...Nossos caminhos,

e vão tomando conta de tudo que faz ou não sentido.

Portanto é sempre num lapso de segundo que tomo ciência

do quão felizardos são aqueles que se deixam levar por todos eles...

Ora cúmplices de seus próprios devaneios...

Tomados por agonizantes segundos de espera...

Horas de obscuras frases desconexas...

Insônias presentes e constantes...

Um delator desfigurado...

Uma prece, um grito, um lamento,

Perdido num olhar macabro....
Encontro de titãs.
Vida e morte.
Amor e ódio,
Desejo e loucura,
Sanidade e pretensão.
Nada em vão...















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